"Pra quê eu vou estudar? No fim eu vou ser uma faxineira, empregada doméstica ou prostituta."
Essa frase foi dita por uma aluna do 6º ano(5ª série). Não é preciso mencionar o espanto e a tristeza dos professores da escola na qual eu trabalho ao ver a mentalidade da menina.
Eu pensei em escrever hoje sobre inclusão, já que comecei a trabalhar como intérprete e começo a vivenciar os problemas que tanto já li e ouvi falar. Mas esta frase hoje me deixou triste em relação a situação dos alunos. Muitos deles não tem esperança. Não tem interesse. E de quem é a culpa afinal? É fácil culpar o sistema educacional, afinal, estamos em um país onde o ensino ainda é baseado no estilo fordista(capitalista), os conteúdos não são aplicados a realidade dos alunos, os professores não tem bom preparo, não há material satisfatório disponível, e quando há, muitas vezes o professor não sabe como utilizar o recurso(como podemos observar o mau uso das salas de informática).
Não há um problema. É uma soma de fatores. Fato.
Péssimo sistema educacional, profissionais sem ideais, desesperançosos, alunos que não acreditam no poder transformador da educação.
Eu, da minha parte, sempre culpei a escola, os professores e diretores pelo desinteresse dos alunos. Mas agora, vendo de perto a realidade de uma escola pública vejo que o problema começa cedo e o que parece é que é uma bola de neve, que tende a aumentar. Por que tudo começa na família. A família é a base da cidadania. É a base de um ser humano. Porém quando uma criança cresce em uma família desestruturada, que não lhe transmite lições morais, carinho e respeito, fica difícil para os educadores ajudarem esses alunos. Afinal de contas, eles chegam na escola sem respeitarem os outros, sem acreditar numa vida melhor, sem incentivo algum, sendo menosprezados pela sociedade, e até mesmo no âmbito familiar.
Para a educação mudar, é preciso ação conjunta, família-comunidade-escola. Enquanto apenas um deles for responsabilizado, a situação continuará a mesma, ou se for possível, pior.
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