sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Precisamos de heróis?

Precisamos de hérois?

Quando foi que determinaram que precisamos de heróis?
Quem é habilitado para ser herói?

Os últimos acontecimentos me fizeram pensar. A guerra no Rio, bandidos contra policiais. Para parte da população os bandidos são heróis, eles se consideram assim, e algumas outras pessoas também. Para outra parte da população os policiais foram heróis, corajosos, subiram a favela para combater o crime.

Eu presto atenção aos jovens na escola em que trabalho. Ouvi uma música estes dias que fazia apologia a uma facção. Depois no jornal pessoas tiravam fotos com os policiais, em frente aos tanques... escreviam cartas.
Quem é que é o herói? Quem está do lado certo?

As facções são criminosas. Aprisionam, matam, exercem poder sobre os mais fracos, seja a população da favela ou os viciados. Mas o que faz o crime parecer atrativo? O que faz um jovem, que está no asfalto e não é envolvido no tráfico, cantar a favor dele?

MV bill, Causa e Efeito:

"percebi...

Que a policia continua sendo o braço governamental
Na favela discimina o mal
Com suas fardas e caveirões
A serviço daqueles que controlam opniões,que roubam
milhões, donos de mansões
Constrói a riqueza com a fraqueza de multidões
Tubarões...
engolem o peixe pequeno
...
Pra mim é muito fácil de ser entendido
Sem educação vários de nós vai virar bandidoE a nossa pena não é branda
Perdemos a infância, a juventude a fila anda
Menos pra quem tem família com dinheiro
Que paga pelo erro do filho o tempo inteiro
...
Combatente não aceita
Comando de canalha que a nós não respeita

Excluído, iludido
Quem nasce na favela é visto como bandido
Rouba muito, magnata
Não vai para cadeia e usa terno e gravata
Causa e efeito
Só dever sem direito 2x

A corrupção permite
que atrocidade ultrapasse seu limite
Por mais que parte elite evite
Um afrogenocidio existe
onde pessoas morrem por conta da cor
Com sobrenome comum não temos valor
Artista câo, que fala de amor,
Não fecha com nois nem na hora da dor
Por isso eu faço do meu palco um pupito
usando minha voz contra um Brasil que é corrupto
Impunidade fala mais alto
Os homens de preto sobem o morro pra defender o asfalto
que impotente, assistem a tragédia
No desnivel entre a favela e a classe média
Que tratam o guetto como se fosse a África
numa distancia que nem chega a ser geográfica

Distanciamento provocado pelo preconceito
Como se nascer aqui fosse um defeito
Não é!
É parte de um destino que você ajudou a escrever,
quando não quis se envolver
Vem, vem aqui combater a consequencia de politica de ausencia
que resulta em violencia
Se o foco não for mudado, não terão resultado
e o ódio na juventude é uma tendencia
Sem escola, sem escolha
Expectativa de vida até que o crime te recolha
Vários do lado do bem, são empurrados pro mal
vitimas da convulsão social
País tropical, povo sensual
Fábrica de gente em condição marginal
que não conseguem pensar, que não conseguem falar
Parasitas não iram prosperar"

Os bandidos controlam. A polícia controla. Autoritarismo nunca pode ser visto como heroísmo. Ninguém é herói, todos são vítimas de uma certa cultura.
Somos seres humanos, ninguém deveria estar contra ninguém, somos da mesma raça!
São problemas sociais que nenhum humano pode resolver, estando um contra o outro essa guerra não vai ter fim. Não adianta tomar
Depois de maldades cometidas por bandidos, há notícias sobre as cometidas por policiais. Os erros se repetem. Os rivais são iguais em suas ideologias.

Quem pode nos salvar não é feito de carne.
E o que possibilitaria "alguma" mudança neste momento seria a consciência social, a educação, o amor. A educação voltada para a cidadania, para cooperação e não competição.

Mas quem é que está interessado no fim da guerra, não é mesmo? Sempre tem alguém que lucra.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


Indicação de filme:
O Triunfo
(The Ron Clark Story, 2006) • Direção: Randa Haines
• Roteiro: Annie deYoung, Max Enscoe
• Gênero: Drama
• Origem: Estados Unidos
• Duração: 120 minutos
• Tipo: Metragem indefinida/Direto para TV

• Sinopse: Matthew Perry é um jovem professor impaciente, porém talentoso, que deixa sua casa na zona rural da Carolina do Norte para se aventurar a dar aulas nas escolas de Nova York. Enquanto luta para manter seu otimismo ao se defrontar com um obstáculo após o outro, ele desistirá de tudo para retornar à sua casa, ou realizará sua ambição e transformará o futuro de alguns dos mais difíceis e vulneráveis garotos da cidade? (http://www.cineplayers.com/filme.php?id=2599)
***
Particularmente eu AMEI o filme. Mostra um professor que se envolve, se entrega realmente. Ele não tem medo de aproximar-se dos seus alunos, de participar de suas vidas. E mais, acredita no potencial dos alunos de uma maneira que nem eles mesmos, nem ninguém mais acredita.
Incrível!
**********
Conclusões da aula de Pedagogia (São emaranhados dos meus pensamentos junto com as falas do meu tutor, Wellington):

Onde estão nossos professores? Onde estão os formadores de opinião, os críticos?

O professor hoje tem medo. Tem medo de todos, dos alunos, do diretor, dos pais. Porque falta ao professor conhecimentos imprescindíveis para o seu próprio desenvolvimento enquanto educador. Ele precisa ter seu pensamento elaborado, fique claro que elaborado não significa inflexível, mas é preciso ter um ideal, envolver-se com a política educacional, ter bases teóricas provadas na prática. É preciso ter conhecimento grande o suficiente para debater e defender suas ideias.
A formação continuada é essencial para que o professor não fique estagnado. Estar em movimento te deixa em forma, estar em movimentos intelectuais também deixa sua mente “em forma”. Que não percamos o nosso foco e que acreditemos que nossas atitudes podem mudar vidas. Aliás, as dos outros e a nossa própria.
O professor não é valorizado. Fato. Mas isso é apenas uma consequência das suas próprias atitudes, digo isso generalizando, mas gostaria de lembrar que há exceções. E você pode ser uma delas. Mas, como grupo, os educadores tem se tornado pessoas passivas, que simplesmente aceitam o que é imposto sem argumentar. Ou ele mesmo parou no tempo e não progride, não inova. E é aí que eu pergunto: Onde estão nossos formadores de opinião? Onde estão os educadores, aqueles que te ensinam a viver, a pensar, que te forçam ao raciocínio? É desses que nossas escolas precisam, os alunos precisam deles!
Gostaria de citar a Oficina de Ideias. Um encontro de educadores com o objetivo principal a socialização de práticas e reflexões sobre seu trabalho. É o tipo de coisa que mobiliza o profissional. Que acrescenta na sua bagagem novos saberes, novas maneiras de ensinar. Discutir não apenas sobre o salário ruim, sobre as péssimas condições de trabalho, mas também apresentar suas ideias quanto ao próprio trabalho, mostrar como resolveu certos desafios, como está lidando com outros, ouvir de colegas de profissão o que eles fazem. Uma educação melhor não é uma utopia. Depende de cada um. Se o profissional estiver mais capacitado para trabalhar e conhecer seu potencial, poderá muito mais facilmente reivindicar melhorias.
Então façamos mais Oficinas de Ideias. Talvez quem sabe só simples reuniões, com nossos amigos, com alguns temas propostos e discussões a serem levantadas. É a partir do que fazemos no nosso pequeno universo que pode mudar muitos outros.

domingo, 5 de setembro de 2010

Intérpretes contentes!

Até que enfim, a nossa profissão foi regulamentada! Depois de 8 anos em que a lei 10.436 foi criada, a lei 12.319 foi regulamentada.

A lei 10.436/2002 determinava vários direitos aos surdos e aos portadores de deficiência auditiva.
" § 1o  Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem:
        I -  promover cursos de formação de professores para:
        a) o ensino e uso da Libras;
        b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e
        c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;
       ...
        III - prover as escolas com:
        a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
        b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
        c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e
        d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos;"

Mesmo com essa lei sendo aplicada, os intérpretes não tinham sua profissão regulamentada, o que, obviamente, cria uma sensação de insegurança e desvalorização.

Enfim no dia 1° de setembro somos realmente considerados profissionais.

Em parte:
"...
Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências:

I – efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;

II – interpretar, em Língua Brasileira de Sinais – Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;

III – atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos;
...
Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial:

I – pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida;

II – pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero;

III – pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir;

IV – pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício profissional;

V – pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem;

VI – pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda."

Então, temos agora não só que ficar felizes por termos os mesmos direitos de todos os profissionais, mas também que ficar ainda mais alertas sobre nosso trabalho, para que sejamos bem sucedidos e úteis, colaborando com a instituição, comprometidos com a comunidade surda.

Não destilarei aqui minhas críticas. Até porque sei que é um passo importante que foi dado, e não há possibilidade no momento termos inclusão ideal.

Mas bem que a gente pode tentar. Só assim as coisas melhorarão, vivendo pelo ideal, porque ainda que não o alcancemos(agora), vamos conseguir o melhor possível.

Até!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Recursos para a educação

Muito se vem sendo falado sobre os recursos utilizados na educação e como o governo está investindo nas escolas, geralmente quando se é dito isso logo em seguida há alguma citação de uma escola que tem laboratórios de informática.
"Os alunos estão passando pela inclusão digital"
Bonito, muito bonito, mas em quantas escolas isso é uma realidade?
Na escola na qual eu trabalho há uma biblioteca e uma sala cheia de computadores, porém, a bibliotecária nunca está e não há ninguém para supervisionar a sala de informática, que fica trancada. Em cada sala de aula há um computador(não utilizado). Mas os alunos não tem livro didático, apenas uma minoria recebeu.
Era melhor ter investido em livros didáticos que certamente seriam utilizados. Seria bom usar vários recursos, como textos, vídeos, músicas,fotos, apresentações de slides, recursos multimídias, porém se não vamos usá-los, melhor ter aquilo que os professores pouco podem(ou sabem) usar.

E mais...
O que fazer com professores que faltam sem parar sem nenhuma justificativa?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Para quem ama a vida

Quem ama a vida, não ama só passeios, e belas paisagens.
Quem ama a vida, não ama apenas música, belas noites, e amores ardentes
Quem ama a vida, ama muito mais que a beleza, que a alegria, que o sucesso
Quem ama a vida, não ama apenas a própria vida.

Quem ama a vida ama tudo
Ama o que está em volta
Ama o que faz, seja um hobby ou o dia de trabalho
Ama a pessoa simpática, e ama também o chato que só reclama
Ama o trabalho, ama o feio, ama a dificuldade, ama o próprio amor em si e tudo que ele engloba...

Então, pois... AME...
Não uma pessoa apenas, não apenas as situações boas...
Ame a vida, pois é esse amor que moverá tudo que está a sua volta
Esse amor moverá sua vida
Te trará não apenas alegria, mas felicidade duradoura.
Quem ama a vida, não ama apenas a própria vida, ama todas as vidas em volta também.
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Quero contar uma história. Meu tutor da faculdade me contou sobre uma professora. Ela dá aula a um menino de um abrigo, ela lutou por ele, brigou com conselheiro tutelar que queria tirá-lo da classe, ela estudava o ECA. O menino foi rejeitado pela mãe e por famílias, tinha um difícil comportamento, mas aquela professora lutou por ele. E fez que enfim aquela criança se sentisse amada.

Sobre quem ensina:
Exigente de seriedade, de preparo científico, de preparo físico, emocional, afetivo. É uma tarefa que requer de quem com ela se compromete um gosto especial de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica. É impossível ensinar sem essa coragem de querer bem, sem a valentia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. É impossível ensinar sem a capacidade forjada, inventada, bem cuidada de amar.
(PAULO FREIRE-Professora, sim; tia, não – cartas a quem ousa ensinar )

segunda-feira, 5 de abril de 2010

E é assim

"Pra quê eu vou estudar? No fim eu vou ser uma faxineira, empregada doméstica ou prostituta."

Essa frase foi dita por uma aluna do 6º ano(5ª série). Não é preciso mencionar o espanto e a tristeza dos professores da escola na qual eu trabalho ao ver a mentalidade da menina.

Eu pensei em escrever hoje sobre inclusão, já que comecei a trabalhar como intérprete e começo a vivenciar os problemas que tanto já li e ouvi falar. Mas esta frase hoje me deixou triste em relação a situação dos alunos. Muitos deles não tem esperança. Não tem interesse. E de quem é a culpa afinal? É fácil culpar o sistema educacional, afinal, estamos em um país onde o ensino ainda é baseado no estilo fordista(capitalista), os conteúdos não são aplicados a realidade dos alunos, os professores não tem bom preparo, não há material satisfatório disponível, e quando há, muitas vezes o professor não sabe como utilizar o recurso(como podemos observar o mau uso das salas de informática).

Não há um problema. É uma soma de fatores. Fato.
Péssimo sistema educacional, profissionais sem ideais, desesperançosos, alunos que não acreditam no poder transformador da educação.

Eu, da minha parte, sempre culpei a escola, os professores e diretores pelo desinteresse dos alunos. Mas agora, vendo de perto a realidade de uma escola pública vejo que o problema começa cedo e o que parece é que é uma bola de neve, que tende a aumentar. Por que tudo começa na família. A família é a base da cidadania. É a base de um ser humano. Porém quando uma criança cresce em uma família desestruturada, que não lhe transmite lições morais, carinho e respeito, fica difícil para os educadores ajudarem esses alunos. Afinal de contas, eles chegam na escola sem respeitarem os outros, sem acreditar numa vida melhor, sem incentivo algum, sendo menosprezados pela sociedade, e até mesmo no âmbito familiar.

Para a educação mudar, é preciso ação conjunta, família-comunidade-escola. Enquanto apenas um deles for responsabilizado, a situação continuará a mesma, ou se for possível, pior.